Um abaixo-assinado eletrônico com quase mil assinaturas será protocolado nesta sexta-feira,14, na sede da prefeitura de Bananeiras, cerca de 127 Km de João Pessoa, e simbolicamente entregue durante o projeto Cinema no Cenário que acontece a partir das 19h do sábado dia 15, após a sessão do filme “Cervejas no escuro”, no Cenário Hostel & Boteco.
Segundo o cineasta Bertrand Lira, curador do projeto Cinema no Cenário, o documento é assinado por jornalistas, intelectuais e artistas, pede a restauração e reabertura do Cine Excelsior, sala de cinema histórica que animou e fez sonhar os habitantes daquela cidade do Brejo paraibano.
Com a reabertura de uma sala de cinema, “uma cidade ganha, duplamente, não só um equipamento cultural que vai oferecer uma ferramenta de entretenimento e formação de sua população, como também revitalização de um patrimônio arquitetônico que educará sobre parte da história da cidade”, argumenta Bertrand Lira, cineasta e entusiasta da mobilização. E acrescenta: “Muitas salas de cinema estão fechadas em diversas cidades do interior da Paraíba e é necessário reabri-las para cumprir suas funções originais: entreter e formar.
Autor do abaixo-assinado, jornalista Rubem Nóbrega, natural de Bananeiras, conta que o Cine Excelsior “fez parte da sua infância e adolescência, como uma uma das poucas formas de lazer de muitos outros jovens na cidade, entre meados dos anos 60 e 70.” Seu pai, o Professor Vicente Nóbrega, trocava LPs da sua coleção de saxofonistas e clarinetistas por ingressos do “Cinema do Padre” o que permitia ao garoto frequentar mais assiduamente o cinema. A petição, segundo Rubem, foi uma sugestão do professor da UFPB, Paulo Adice.
HISTÓRIA
O Cine Teatro Excelsior foi inaugurado na cidade de Bananeiras, no dia 8 de outubro de 1948, pertencente ao patrimônio da Matriz de N. Senhora do Livramento e à Sociedade São Vicente de Paulo, da mesma Matriz de Bananeiras. Pelo que ficou estabelecido e aprovado em ata, pelos confrades vicentinos e da Sociedade pelo Patrimônio da Matriz de Bananeiras entraram com uma parte das despesas, com a condição dos lucros serem divididos em partes iguais, segundo consta no Livro do Tombo do padre Zé Diniz.
O Cine Excelsior localizava-se na praça central de Bananeiras, de frente ao coreto construído sobre o canal que corta a cidade. O então monsenhor José Diniz acumulava as funções de proprietário e de censor. O operador era um rapaz alto, magro, muito querido pela população local, que carinhosamente o chamava ora de Zé Friso, ora de Zé do Padre”, segundo registros do Inventário Pedagógico de Bananeiras de 2021 da Universidade Federal da Paraíba. A sala funcionava na bitola 16mm até ser modernizada com dois projetores e sonorização Velo-Cine, nos anos 1960.
A programação do Excelsior era mais religiosa, exibindo filmes variados, principalmente relacionados a episódios religiosos, a exemplo da Paixão de Cristo na Semana Santa, e o nascimento de Jesus no mês de dezembro, reforçando o espírito devocionário do mês seguinte, com a tradicional Festa de Reis. Os filmes passavam simultaneamente em Solânea e Bananeiras e para que isso acontecesse havia um menino responsável para levar e buscar os rolos de filme
O Cine Excelsior funcionou até 1986. Atualmente o prédio do cine Excelsior ainda existe depois de uma reforma a fachada foi modificada e o nome foi retirado. Internamente não existem mais as cadeiras, ficando do formato original o único e pequeno palco central. A sala funcionou até recentemente como clube de apoio aos encontros dos escoteiros da cidade. A arquiteta potiguar Cypriana Pinheiro doou um projeto de restauração para o cinema. Já é tempo, portanto do glorioso Cine Teatro Excelsior voltar aos seus temos áureos de templo dos sonhos e fantasias dos moradores e turistas de Bananeiras.
Comentários: