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Quinta-feira, 06 de Novembro de 2025
UFPB E CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL REALIZARAM OFICINA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM JOÃO PESSOA

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UFPB E CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL REALIZARAM OFICINA SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS EM JOÃO PESSOA

O ateliê é uma proposta prática, interdisciplinar e colaborativa que permitiu aos participantes aprofundar conceitos e técnicas para enfrentar os desafios urbanos e ambientais da atualidade

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O Campus I da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na cidade de João Pessoa, recebeu entre os dias dois e seis de junho deste ano, o Ateliê Interdisciplinar sobre Mudanças Climáticas. O evento teve como objetivo conscientizar estudantes universitários sobre adaptação climática justa na Capital paraibana e infraestrutura verde-cinza, aproximando os alunos dos debates sobre adaptação climática, destacando os sistemas de adaptação baseada em ecossistemas como melhor forma de tornar territórios resilientes aos impactos climáticos, com foco especial na capacitação sobre infraestruturas verde e cinza em contextos urbanos. 

O Ateliê Interdisciplinar sobre Mudanças Climáticas foi direcionado especialmente aos estudantes da UFPB dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e pela primeira vez incluiu os cursos de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental. Foi um workshop aberto a discentes de todos os períodos com interesse em urbanismo, sustentabilidade, resiliência e justiça climática. A iniciativa reuniu também professores, especialistas e representantes comunitários em torno de um objetivo comum: imaginar e propor soluções concretas de adaptação às mudanças climáticas, baseadas na natureza e enraizadas no território.

As atividades foram distribuídas entre o Centro de  Tecnologia (CT), no Campus I da UFPB e a Comunidade São Rafael, localizada às margens do Rio Jaguaribe, entre a UFPB e o Centro da cidade, na baixada da Avenida Pedro II,  e próxima ao Jardim Botânico e à Mata do Buraquinho (maior reserva de Mata Atlântica em área urbana do Brasil). A comunidade foi o espaço urbano selecionado para estudo de caso, inclusive com visita técnica dos alunos durante a terça-feira(03). É um território de intensa articulação comunitária, com iniciativas em economia solidária, energia renovável e comunicação local reconhecidas nacionalmente.

A oficina é resultado da primeira parceria entre o Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba com a Global Green-Gray Community of Practice (Comunidade Global de Prática em Infraestruturas Verde-Cinza - G3CoP), da ONG Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil). A Comunidade Global de Prática em Infraestrutura Verde-Cinza é um projeto da Conservação Internacional que visa ampliar o uso de soluções híbridas de adaptação climática, que unem regeneração de ecossistemas e engenharia, promovendo justiça ambiental e resiliência. Nesta edição do ateliê, a parceria com a CI-Brasil fortalece a iniciativa ao integrar discussões sobre infraestrutura verde-cinza e adaptação climática justa na capital paraibana. Por isso, o evento foi direcionado aos desafios das mudanças climáticas, incorporando uma abordagem interdisciplinar.

De acordo com a arquiteta e urbanista e coordenadora da Comunidade Global de Prática em Infraestrutura Verde-Cinza da CI-Brasil, Alice Piva, o ateliê foi um espaço de aprendizagem e capacitação, buscando aprofundar o entendimento dos estudantes acerca dos conceitos de Infraestrutura Verde-Cinza e Adaptação Climática Justa, estimulando estes alunos a investigar futuros climáticos positivos para o território de estudo. “Esse projeto teve o objetivo de popularizar boas formas de fazer adaptação climática. E a melhor forma de fazer isso é preparar quem vai lidar com esses problemas na fonte, ou seja, preparar arquitetos e urbanistas porque sabemos que esses impactos vão chegar nas cidades onde já acontecem vários problemas com relação às mudanças climáticas. Dessa forma, estamos preparando as próximas gerações que vão construir a cidade para fazerem isso melhor”, explicou.

Segundo a coordenadora, existe uma prática dentro do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPB de promover os chamados ateliês, encontros onde estudantes de diferentes períodos se reúnem para fazer determinados projetos. “ A gente escolhe um tema de projeto e damos continuidade com equipes bem diversas. E dessa vez esse ateliê juntou não somente o pessoal de arquitetura mas também foi pensado para estudantes de engenharia civil e engenharia ambiental porque sabemos que essa forma de trabalhar com a cidade se preparando para lidar com os impactos das mudanças climáticas precisa ser multidisciplinar. A Conservação Internacional ficou super feliz em apoiar esse processo”, comentou.

O ateliê é uma proposta prática, interdisciplinar e colaborativa que permitiu aos participantes aprofundar conceitos e técnicas para enfrentar os desafios urbanos e ambientais da atualidade. Além de reflexões, ofereceu uma oportunidade para explorar a criação de soluções reais para territórios de João Pessoa. Sobre isso, a professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFPB (DAU-UFPB) e uma das idealizadoras do Ateliê, Carolina Oukawa, explica que o ateliê é um lugar de experimentação que preenche uma lacuna ao falar sobre mudanças climáticas. “A partir de um tema relevante deixamos os estudantes dialogarem, promovendo situações de debate, com uma vinda ao território da São Rafael. É uma iniciativa voltada a experimentar diferentes práticas pedagógicas, gerando diferentes produtos como textos, ensaios projetuais, documentações e outros”, esclareceu.

Ela explica que desde dezembro de 2023, o Centro de Tecnologia da instituição tem promovido atividades de imersão projetual colaborativas, reunindo estudantes de diversos períodos e cursos para explorar temas relevantes por meio de enunciados projetuais abertos. Assim, este ateliê interdisciplinar de projetos dá continuidade ao ateliê vertical, experimento pedagógico realizado semestralmente no DAU, porém, o diferencial desta edição do workshop é que ele fez parte de um edital do Programa de Apoio a Experiências Interdisciplinares Desenvolvidas Para Melhoria da Qualidade do Ensino de Graduação (Qualigrad). O Qualigrad é um programa de financiamento assessorado pela Pró-reitoria de Graduação (PRG) da UFPB que, entre outros objetivos, visa apoiar o desenvolvimento de atividades previstas nos Projetos Pedagógicos dos Cursos (PPC) e  incentivar a adoção de experiências interdisciplinares.

“O ateliê sempre teve a pretensão de ser interdisciplinar e o edital foi uma oportunidade interessante de reunir vários professores interessados. E isso está relacionado com o caráter experimental desse ateliê que é o mais importante. A partir desse tema das mudanças climáticas, propomos  uma  reflexão entre os alunos com a produção de textos. O ateliê de mudanças climáticas teve um  apelo social muito importante”, comentou Carolina Oukawa.

Para o estudante do terceiro período do curso de engenharia ambiental da UFPB, Hugo Pantaleão, o ateliê foi a oportunidade de verificar não apenas as questões arquitetônicas, mas principalmente debater sobre mudanças climáticas e como elas afetam o planeta e a cidade de João Pessoa, especificamente. Ele acredita que o evento teve uma grande relevância para a sua formação especialmente por causa do contato com a comunidade e a conversa com seus moradores já que a vida desta população será alterada a partir das decisões dos engenheiros. “Visitamos a Comunidade São Rafael e vimos como a questão do clima afeta esse local diretamente e o que está sendo feito sobre isso. O ateliê foi incrível e muito completo porque tratou sobre temáticas que os profissionais da engenharia como um todo devem conhecer como aumento do nível do mar, deslizamentos e outros assuntos. Além dos impactos no clima, falamos ainda sobre a questão ética já que precisamos ter essa sensibilidade para tomar decisões que vão alterar a vida de seres humanos”, opinou.

O ateliê contou com a participação do corpo docente dos departamentos de Arquitetura e Urbanismo e Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DECA) e teve o apoio da monitoria de alunos de pós-graduação e de egressos dos cursos envolvidos, que contribuíram para a discussão e dão suporte à produção de publicações de registro do processo.

COMUNIDADE SÃO RAFAEL É DESTAQUE

De acordo com Alice Piva, o ateliê propôs um espaço de discussão sobre os riscos climáticos aos quais o território da Comunidade São Rafael está sujeito, permitindo aos alunos elaborar propostas de maneiras socioambientalmente justas de adaptação climática. A proposta da oficina foi criar um espaço de escuta com a comunidade, pensando junto sobre alternativas de futuro para a São Rafael que conduzam a mitigação do risco climático.

Segundo o coordenador de projetos do Instituto Voz Popular da Comunidade São Rafael, Daniel Pereira, o ateliê foi muito interessante porque vai além da lógica dos debates em sala de aula. “Desta vez, os estudantes foram diretamente à comunidade para conhecer uma ação prática que ocorre na cidade de João Pessoa. E a partir disso, podem refletir como futuros profissionais sobre como podem executar projetos que envolvem espaços como esse a partir do que eles aprendem nas disciplinas. Assim, quando estiverem formados provavelmente vão ter atitudes diferentes. Assim, o foco foi trazer os alunos para uma visita técnica, conhecendo as moradias da comunidade, vivenciando na prática a situação de um território e o que vem acontecendo com ele diante das mudanças climáticas”, declarou.

INFRAESTRUTURA VERDE-CINZA

A infraestrutura "verde-cinza" é um sistema híbrido que combina as propriedades de ecossistemas naturais (como manguezais, recifes de corais, florestas tropicais urbanas) de resistirem aos impactos de eventos climáticos extremos com estruturas convencionais da engenharia (como canais de drenagem, muros de contenção ou sistemas de saneamento).

Essa união entre a conservação e a restauração da natureza com abordagens convencionais da engenharia permite fortalecer as comunidades contra os efeitos climáticos, ao mesmo tempo em que trazem diversos benefícios naturais como água doce, ar puro e proteção costeira. Ao contar com barreiras costeiras naturais ( como manguezais e ervas marinhas) e outras construídas pelo homem (como barragens de concreto e paredões), o Estado da Paraíba se torna um espaço de debate sobre infraestruturas verde e cinza.

“Na Paraíba — especialmente em João Pessoa — esse tipo de infraestrutura é essencial para enfrentar riscos como inundações, erosão costeira e ilhas de calor, ao mesmo tempo que promove a restauração de ecossistemas urbanos, economia para o orçamento público e bem-estar para a população”, esclareceu a coordenadora Alice Piva.

CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL

A Conservação Internacional (CI-Brasil) é uma organização não governamental que promove o uso sustentável dos recursos naturais para o bem-estar humano. A entidade visa a proteção da  biodiversidade da Terra, áreas selvagens ou regiões marinhas de alta biodiversidade ao redor do globo e  também é conhecida por suas parcerias locais com ONGs e povos indígenas.

A CI-Brasil utiliza ciência, políticas e parcerias para conservar ecossistemas críticos que fornecem alimentos e água, sustentam economias e regulam o clima. Com uma equipe multidisciplinar composta por especialistas de diferentes áreas como biologia, geografia, engenharia florestal, economia, povos indígenas, oceanografia, entre outras, a organização trabalha para demonstrar que as pessoas precisam da natureza para prosperar e que ela é parte importante da solução para os desafios globais.

A CI-Brasil tem por objetivo incentivar e apoiar a conservação do meio ambiente e de atividades de desenvolvimento sustentável, promover a educação ambiental, o bem-estar humano, a assistência social e a cultura. Seus colaboradores atuam na conservação de áreas prioritárias na Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica e Oceano.

 

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FONTE/CRÉDITOS: Texto/Assessoria do evento
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Divulgação/Brena Flora
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