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Sexta-feira, 17 de Janeiro de 2025
DEGRADAÇÃO ARQUITETÔNICA E PATRIMONIAL DO CENTRO HISTÓRICO DE JOÃO PESSOA

JÉSSICA CHAVES FIRMINO

DEGRADAÇÃO ARQUITETÔNICA E PATRIMONIAL DO CENTRO HISTÓRICO DE JOÃO PESSOA

Degradação arquitetônica e patrimonial do centro histórico de João Pessoa e sua relação com o acesso à cidade e à cultura

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A memória de um território se constrói com base na conservação de seus espaços físicos, na preservação de sua história e no respeito à sua estrutura arquitetônica e urbanística numa escala geral. Garantir a aplicação desses conceitos a nível de cidade, em especial quando há considerável acervo sob tombamento, é difícil. São necessárias — de modo individual —, investigações quanto às estruturas das edificações e seus interiores, bem como a aplicação de medidas que visem promover a zeladoria de cada espaço quanto à sua forma e volumetria, vislumbrando a ressignificação de sua existência para a história e cultura locais.

Em João Pessoa, Paraíba, segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN, o centro histórico local conta com 370.000 m² de área sob tombamento, distribuída em 25 ruas e 6 praças que contemplam as Cidades Alta e Baixa. Este processo de salvaguarda se deu no ano de 2009, visando assegurar juridicamente a preservação física, a curadoria e o gerenciamento das 502 edificações sob tutela do órgão na cidade.

Dentre as muitas riquezas que este conjunto contempla, destacam-se o Centro Cultural São Francisco, datado do período colonial (incluindo o mosteiro anexo), o Palácio Episcopal e a Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves, todos propínquos. Muitas outras propriedades, também do acervo pessoense, mantêm-se firmes até hoje em razão de sistemas construtivos eficazes, bem como das iniciativas de conservação patrimonial por parte do poder público, ainda que insuficientes se considerada a proporção e a antiguidade do complexo histórico do município, que, na atual conjuntura, encontra-se à mercê da gestão pública dar-lhe o devido destaque.

Enquanto isso, o cidadão de João Pessoa lida com cenários depredados que põem em risco a vida dos transeuntes e poluem visualmente a cidade, esta que, conhecida por sua ampla área de vegetação, perde a oportunidade de ser porta-voz, por exemplo, da arquitetura sustentável em restaurações históricas.

O nível de deterioração das edificações antigas da capital paraibana é reflexo também do que ocorre hoje em escala global com patrimônios materiais como o seu centro histórico: a memória se esvai em face ao avanço das novas tecnologias, que passam a ser empregadas como concorrentes da história, evidenciadas como o entretenimento ideal, rápido e acessível, engolindo o que chamamos de herança cultural. Como a arquitetura pode ajudar a reverter esse quadro? Ou melhor, como o acesso à cidade pode garantir um equilíbrio entre lazer acessível para a população e a manutenção dos edifícios históricos?

Releva-se, neste contexto, o papel dos órgãos governamentais na promoção de ações de zeladoria, reforma, lazer e mobilidade urbana voltada para estes espaços, hoje tão apagados se comparados ao que outrora nos fazia brilhar os olhos com equipamentos urbanos preparados para ofertar gratuitamente espetáculos culturais de música, danças regionais e urbanas, esporte e intervenções artísticas de modo geral, bem como o passe livre no transporte coletivo para o acesso a esses eventos.

Ressalta-se, ainda, a importância da articulação entre essas entidades para a efetiva proteção e valorização do acervo cultural paraibano, promovendo desde a escola, das ruas e dos meios de comunicação, ações educativas a fim de fazer com que se entenda a relevância desse acervo, de evitar a depredação de prédios públicos e privados, o correto descarte do lixo e a importância da preservação patrimonial para o fortalecimento de nossas raízes enquanto cidadãos de uma terra rica e culturalmente diversa. Ainda há tempo.

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Arquitetura, Design e Patrimônio

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